[Análise] Star Wars Jedi: Fallen Order [PS4]


Existem series, universos, histórias intemporais que atravessam gerações, cativando fãs desde pequenos a graúdos. Ainda que muitas tenham sucesso, poucas são as que se conseguem manter-se no topo como uma das propriedades intelectuais mais influentes no mundo do entretenimento. Star Wars tem essa distinção.
Após os interregnos de mais de uma década entre trilogias, é sempre com grande expectativa que os fãs se juntam para disfrutar de mais um título desta saga no cinema. Nos videojogos, contudo, o panorama nem sempre tem sido o melhor e recorrentemente este universo não tem o merecido reconhecimento. Entre publicações procurando o dinheiro fácil e outras que simplesmente pecam pela qualidade final, não é frequente podermos experimentar um título de Star Wars que faça justiça ao calibre desta saga. Felizmente existem títulos como Dark Forces, Knights of the Old Republic ou mais recentemente The Force Unleashed que conseguem providenciar experiencias recompensadoras. Contudo, se equacionarmos o reset que a Disney fez quanto ao universo expandido, podemos afirmar sem margem de dúvidas que Star Wars Jedi: Fallen Order é o melhor vídeo jogo desta saga a contribuir para a expansão das histórias dos filmes, livros e series. Com o eminente lançamento do último título da saga Skywalker, a bem sucedida série "The Mandalorian" e agora com "Fallen Order" a atingir novos patamares no que toca a videojogos sobre esta franquia, é efectivamente uma excelente altura para ser fá de Star Wars!


O jogo procura providenciar uma experiência diferente dos demais jogos “cinematográficos”, recorrendo a uma combinação de diversos elementos de jogabilidade com o intuito de criarem uma aventura mais abrangente, recompensadora e desafiante para o jogador.
Numa primeira instância e possivelmente o que podemos considerar como o fundamento principal do jogo, temos elementos de exploração associados a mecânicas de puzzle solving. Esta combinação remete-nos a um conceito que une as experiências que temos de jogos como Uncharted ou Tomb Raider,  com outros mais típicos de Prince of Persia ou Legend of Zelda.
Numa segunda fase, somos desafiados com elementos de “Back Tracking”, onde certas áreas de cada planeta que visitamos não estarão indisponíveis até termos desbloqueado a habilidade correcta. Para todos os fâs de Metroid ou Castlevania, com certeza sentir-se-ão em casa neste título.
Por fim, a unir estes três conceitos, somos presenteados com mecânicas de combate que remetem a jogos como Dark Souls, ainda que com um nível de dificuldade muito inferior. O equilíbrio da dificuldade do combate está no ponto ideal, com vista a manter a dinâmica associada aos elementos de exploração, não a interrompendo em demasia com os combates que surgem recorrentemente. Ainda assim, nas primeiras horas de jogo, teremos dificuldade em conseguir derrotar até os mais simples Storm Troppers, com os respectivos apoios, devido à inexperiência da personagem. Contudo, à medida que avançamos na história, começamos a sentir um crescimento da nossa capacidade de luta não somente decorrente do aprimorar das nossas capacidades enquanto jogadores, mas também pelas habilidades da força desbloqueadas. Sem margem de dúvidas que este sentimento de crescimento é extremamente gratificante para os jogadores mais empenhados e um dos muitos pontos que fazem-nos ficar agarrados ao jogo, nem que seja no intuito de "passar mais um obstáculo" ou "conseguir derrotar mais um inimigo".



Falando na história do jogo, Fallen Order, segue as aventuras de Cal Kestis, um Padawan que conseguiu sobreviver à infame Ordem 66, escondendo-se agora entre um grupo de sucateiros no planeta Bacca, onde vive à base do desmantelamento de naves de androids resultantes da Guerra dos Clones. Devido a uma sequência de eventos, o império consegue detectar o foragido e Cal terá mais uma vez de lutar pela sobrevivência, desta vez com a ajuda da Meste Cere Junda e Piloto Greez Driftus. A aventura leva o grupo através de vários planetas, com o intuito de ajudar à restituição da ordem dos Jedis, ainda que constantemente perseguidos pelo império, a facção das NightSisters e caçadores de recompensas.
Com o evoluir da aventura vão sendo desvendadas algumas características mais intimas das várias personagens, demonstrando um bom nível de profundidade na sua caracterização, mas é na relação entre Cal e BD-1 que temos possivelmente a cereja no topo do bolo deste jogo. 

O pequeno robot tem uma personalidade muito especial e a sua relação com Cal é quase simbiótica a certo ponto. Mesmo sem abordar as interjeições entre as duas personagens e como estão tão simples e perfeitamente integradas na jogabilidade, a personagem é essencial no jogo. Não somente, tem uma parte integral na história, como as suas habilidades tornam-se fundamentais para ultrapassar certos desafios. Todos estes elementos em conjunto tornam a relação entre ambos como que uma dependência que vamos crescer a adorar durante a nossa experiencia deste jogo, remetendo recorrentemente à relação entre Luke Skywalker e R2D2.



Durante estas viagens interestelares, teremos a oportunidade de confirmar que graficamente o jogo está bastante belo, providenciando uma profundidade de cenários ao nível das grandes produções. São diversas as ocasiões onde paramos simplesmente para observar o cenário.
Contudo é também o seu grande “Calcanhar de Aquiles”. Para as plataformas base (PS4 e XBox One) é recorrente os glitches gráficos, sobrepondo os modelos das personagens com os elementos de cenários, ou mesmo freeze da consola em certas passagens do jogo. Também o efeito “Pop up” de inimigos é recorrente, principalmente quando entrarmos muito rápido em determinada zona ou divisão. Ainda assim, não podemos, em toda a justiça, afirmar que sejam problemas que devam fazer com que os jogadores não experimentem este título ou escolham adiar em detrimento de uma actualização por parte dos produtores, que resolvam estes problemas. Felizmente a prestação nas consolas superiores de cada marca (Pro e X, respectivamente), é francamente melhor, pelo que recomendamos a quem tem possibilidade que experimente o jogo nestas plataformas.
Fundamentalmente é uma obra sublime, complementada com uma banda sonora que proporciona uma óptima abrangência dos cenários ambiente e personagens, e que é uma mais-valia para os jogadores.



Para complementar o aspecto de jogabilidade típica de “Melee Game”, a Respawn Entertainment procurou, implementar alguns elementos de “Role Playing”, através da adição de uma árvore de características que podem ser desbloqueadas com os pontos que obtemos ao subir de nível e personalização do aspecto das personagem principal, o seu sabre de luz e a nave ”Stinger Mantis”.
Ainda que as poucas habilidades da Força disponíveis (Pull, Push, Slow e Double Jump) sejam somente desbloqueados com o evoluir da história, os seus aperfeiçoamentos serão efectuados nesta árvore, pelo que é importante não fugir das lutas e procurar explorar tudo o que for possível para ir escalando os degraus dos níveis e obter os valiosos pontos de habilidade.
A quantidade de poderes disponível poderá parecer insuficiente ao início, principalmente equacionado os poderes que sabemos que os Jedi possuem, mas não podemos esquecer que a nossa personagem é um Padawan com um treino incompleto. Para mais, a quantidade e interacção de poderes com o ambiente e puzzles do jogo está muito bem conseguida. Imagine-se parar um míssil a meio percurso recorrendo à habilidade ”Slow”, puxar o Storm Tropper que o disparou utilizando “Pull” e usar “Push” para manda-lo contra o próprio míssil! Ou por exemplo saltar para uma liana e ter que usar pull porque não a conseguiremos alcançar.




Conclusões
Se pudéssemos traduzir Star Wars Jedi: Fallen Order numa frase seria “Um verdadeiro tributo aos fãs de longa data”, conseguindo combinar na perfeição os elementos de exploração com mecânicas de combate profundas e recompensadoras. Os ambiente criados, a banda sonora, evolução das personagens e história remetem frequentemente para a primeira trilogia da saga, lançada à mais de 30 anos, apelando fortemente ao nosso sentimento de nostalgia.

É um título que consegue elevar-se por seu próprio mérito, fazendo com que seja apelativo a todos os jogadores que estejam dispostos a um desafio, independentemente de conhecerem ou não as outras histórias desta saga.



O Melhor:
  • Ambiente e setting criado;
  • Jogabilidade desafiante e excelentemente equilibrada entre exploração e combate;
  • Gráficos impressionantes;
  • Caracterização das personagens.


O Pior:
  • Glitches gráficas e técnicas, provocando o ocasional "freeze" da consola.




Pontuação do GameForces - 8.5/10




Título: Star Wars Jedi: Fallen Order
Desenvolvedora: Respawn Entertainment
Publicadora: Electronic Arts
Ano: 2019



Autor da Análise: Carlos Silva 
[Análise] Star Wars Jedi: Fallen Order [PS4] [Análise] Star Wars Jedi: Fallen Order [PS4] Reviewed by Carlos Silva on novembro 29, 2019 Rating: 5

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